Quanta saudade ao ouvir distante
Quando um berrante repicando ao léu
Meus olhos choram sem contentamento
Vendo a poeira vermelhando o céu
Grande rigor vai atacando o peito
Não tendo jeito pego a soluçar
Triste saudade vai ferindo a gente
Leva de repente pra não mais voltar
De madrugada os passarinhos cantando
Fico sonhando com meus companheiros
Vejo no morro o sol clareando
Lembro o passado de um boiadeiro
Cortando a estrada no raiar do dia
Ai quem me dera eu poder voltar
Mas não tem jeito, já estou velhinho
Neste meu caminho não vou mais passar
Tão de repente foi a minha infância
Desde criança criei nesta lida
Laçando gado cresci nas estradas
Topei parada, enfrentei a vida
Porém agora ao fim do caminho
Como espinho não posso esquecer
Tempo saudoso que me deu a vida
Só esqueço a lida quando eu morrer